A compulsão alimentar

Os hábitos alimentares sofrem alteração durante a vida em razão das mudanças de comportamento do indivíduo. Algumas dessas mudanças podem se transformar em transtornos, tais como a bulimia, a anorexia, o transtorno de compulsão alimentar periódica (TCAP), e outros. Estes necessitam de avaliação, tratamento e acompanhamento de profissionais, como por exemplo, o nutricionista e também o psicólogo. Desta forma, segue uma contribuição da Psicóloga Carla Ribeiro (especialista em obesidade e saúde) quanto aos aspectos psicológicos de caráter informativo para o transtorno de compulsão alimentar periódica.

Alterações nos hábitos alimentares

O indivíduo passa a comer muito e mais rápido que o habitual, consequentemente o que o leva a comer em maior quantidade, e normalmente só para quando não consegue comer mais nada! Este é um dos comportamentos mais comuns ao transtorno de compulsão alimentar periódica.  Cabe ressaltar que nestes episódios de compulsão o indivíduo nem sempre tem fome e come pelo prazer desenfreado lhe causa.
 
Há a perda do controle sobre o poder de decisão diante da escolha entre comer ou não comer, o desjo impera diante da necessidade, que passa a ser secundária. O ato da ingestão ocorre de modo que a pessoa não tem clareza e consciência sobre a quantidade dos alimentos e também sobre o que foi ingerido. A consequência gerada é a culpa em razão da urgência voraz em se alimentar. A partir daí surgem diversos comportamentos para se camuflar esta falta de controle e o embaraço, como por exemplo, evitar a presença em refeições junto com amigos e familiares.
 
O Transtorno da Compulsão Alimentar Periódica (TCAP) é estudado desde 1950 e foi descrito a partir de observações de pacientes obesos, embora também ocorra em pessoas com sobrepeso e com peso considerado normal e saudável. O TCAP tornou-se uma categoria diagnóstica com sua inclusão no Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais DSM-IV.
 
O transtorno se caracteriza por episódios de compulsão na ingestão de alimentos em grande quantidade em um período de até duas horas. Seus episódios são comuns ao menos duas vezes por semana durante seis meses ao menos, não estão associados ao ato de provocar vômitos e não ocorre durante o curso de anorexia nervosa ou bulimia nervosa.
 
Nestes casos é possível o sentimento de repulsa por si mesmo, a presença de comorbidades, ou seja outros transtornos associados, como por exemplo a depressão, ejaculação precoce e tantos outros transtornos também relacionados à ansiedade. O sofrimento da pessoa pertinente aos comportamentos de compulsão é elevado e significativo, haja vista que a vida social e pessoal podem ficar comprometidas. 
 
É mais comum o desenvolvimento do Transtorno da Compulsão Alimentar Periódica na fase da adolescência ou no início da vida adulta, também mais comum em mulheres do que em homens, há oscilações de peso e forma corporal, conhecido como o efeito sanfona, pois há grande dificuldade em manter o peso e aderir a habitos alimentares constantes de educação alimentar.
 
Os pacientes com o TCAP, em geral, possuem traços específicos de personalidade, sendo: perfeccionismo, principalmente quanto a forma física; baixa auto-estima; impulsividades e ansiedade; pensamentos dicotômicos, ou seja, “tudo ou nada”, “oito ou oitenta”.

Psicoterapia na compulsão alimentar

Após a ingestão desenfreada de alimentos, o cérebro registra a experiência como algo prazeroso. Então, toda vez que se depara com uma situação estressante, ele recupera essa sensação e pede mais daqueles alimentos. O estabelecimento de um ciclo, caracterizando um comportamento desadaptativo de que comida é uma recompensa para qualquer sensação ruim. 

O objetivo da psicoterapia em casos de transtorno de compulsão alimentar periódica é focal. Deve-se analisar e identificar aspectos cognitivos do problema, traços de personalidade, hábitos alimentares inadequados sob a intenção de intervir e modificar comportamentos compulsivos e disfuncionais. É necessário estimular o paciente a explorar estratégias para manutenção e o controle do peso, reforçando e motivando o tratamento e evitando novas recaídas.
 
Casos de TACP também são encaminhados a um profissional de nutrição para receber orientações específicas, na intenção de receber orientações, tratamento e acompanhamento adequado as necessidades nutricionais de cada indivíduo.
 
Referência bibliográfica:
 
American Psychiatric Association. Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais. Quarta edição. Porto Alegre: Artes Médicas, 1995

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Carboidratos no esporte

Os carboidratos representam a principal fonte de energia utilizada durante a maioria dos exercícios, sejam eles aeróbios ou anaeróbios.

Por ter seus estoques limitados (glicogênio muscular e hepático) sua oferta para esportistas através da alimentação tem como objetivo: aumentar os níveis de glicogênio hepático e muscular, fornecer energia, controlar a glicemia, melhorar a resposta imune, e a recuperação muscular.
 
De acordo com a Sociedade Brasileira de Medicina do Esporte (2009), o consumo de carboidratos por atletas deve corresponder 60 a 70% da necessidade calórica diária, ou seja, se a necessidade calórica diária do atleta é de 2000 Kcal, 1200 ou 1400 Kcal devem vir dos carboidratos.
 
A baixa reserva de carboidrato, pode causar fraqueza, afetar o metabolismo dos aminoácidos, incluindo diminuição nos níveis séricos de BCAA (aminoácidos de cadeia ramificada), facilitar a captação de triptofano, e a formação de serotonina que está relacionada com a indução da fadiga.
 
Sendo assim, se você quer melhorar o seu desempenho e evitar contratempos o consumo adequado de carboidratos é essencial.
 
 
 
 
 

Sódio: quanto devemos consumir?

O sódio é um elemento químico presente no sal de cozinha (cloreto de sódio) e naturalmente encontrado em diversos alimentos.
 
Seu consumo é essencial para o equilibrio ácido-básico, transmissão de impulso nervoso, contração muscular, regulação do fluído corporal, e regulação do ritimo cardíaco.

Embora seja essencial para a nossa saúde, o consumo excessivo deste eletrólito pode aumentar o risco de algumas doenças, como: hipertensão arterial sistêmica, acidente vascular cerebral, câncer de estômago, dentre outras.
 
De acordo com a Organização Mundial de Saúde o consumo de sódio diário não deve ultrapassar 2 gramas (equivalente a 5 gramas de sal = 2 colheres de café cheias e 1 colher de café rasa). Atletas e crianças não se enquadram nesta recomendação.
 
Para não ultrapassar esta recomendação de consumo, devemos nos atentar na quantidade de sódio presente nos alimentos que consumimos, principalmente os industrializados.
 
Abaixo listo alguns alimentos que são considerados ricos em sódio.
 

 
Vocês imaginavam que um pacotinho de tempero pronto tinha esta quantidade de sódio? e o macarrão instantâneo?
 
Por isso, dê preferência sempre aos alimentos naturais, que contém um teor menor de sódio e carregam com eles outros nutrientes importantes para a saúde.
 
Mas, se for consumir um alimento industrializado compare os rótulos, e dê preferência por aquele que apresentar um menor teor de sódio.
 

Obs:. As informações nutricionais foram retiradas do rótulo dos alimentos e representam algumas marcas, portanto pode haver variação na quantidade de sódio demonstrado de acordo com a marca do produto.
 
 
 
 
 

Dicas nutricionais para hipertensos

Nesta postagem irei dar algumas dicas nutricionais para aquelas pessoas que tem Hipertensão Arterial Sistêmica - a famosa "pressão alta".
 
Mas antes gostaria de definir rapidamente o que é Hipertensão Arterial Sistêmica.
 
De acordo com a VI Diretrizes Brasileira de Hipertensão Arterial, a Hipertensão Arterial Sistêmica é uma doença multifatorial que tem como característica níveis elevados e sustentados de pressão arterial (PA), em valores isto significa: pressão sistólica igual ou superior a 140mmHg ou a pressão diastólica igual ou superior a 90mmHg, ou ambas.
 
Esta doença deve ser tratada assim que descoberta, pois pode desencadear o desenvolvimento de outras doenças, tais como: insuficiência cardíaca congestiva, falência renal e doença vascular períférica.
 
O tratamento da hipertensão arterial envolve duas abordagens: a farmacológica, com uso de drogas anti - hipertensivas (são prescritas apenas pelo médico), e a não farmacológica, que envolve mudanças de estilo de vida que favoreçam a redução da pressão arterial.
 
O tratamento nutricional se enquadra na 2º abordagem, que envolve também a prática de atividade física (prescrita apenas por profissionais capacitados), e o abandono do tabagismo.
 
Agora que já está definido o que significa esta doença e o que ocorre se não for tratatada precocemente, vamos as dicas:
  • Mantenha-se no peso adequado;
  • Aumente o consumo de frutas e vegetais;
  • Utilize queijo, iogurte e coalhada desnatados, e consuma queijo branco;
  • Prefira margarina ou creme vegetal à manteiga, lembrando-se que estes devem ser sem sal;
  • Prefira tempero naturais e alimentos frescos;
  • Nas preparações utilize óleos vegetais (soja, arroz, milho, algodão, canola, girassol ou oliva), porém em pequenas quantidades;
  • Leia sempre o rótulo dos alimentos industrializados e opte por aquele com menor teor de sódio ou cloreto de sódio;
  • Consuma no máximo 2 gramas de sódio por dia (isto é equivalente a 2 pacotinhos daqueles servidos em restaurantes por dia), incluindo o de adição e o utilizado no preparo dos alimentos;
  • Consuma alimentos ricos em potássio e magnésio, como: inhame, feijão preto, lentilha, abóbora, cenoura, chicória, couve-flor, vagem, espinafre, nabo, rabanete, abacate, banana, ameixa, laranja, mamão, maracujá, couve, salsa, pão integral, nozes e amêndoas.
Evite:
  • Carnes gordas (picanha, fraldinha, acém, capa de filé, filé de costela, contrafilé, ponta da agulha, braço, pá ou paleta, aba de filé e pescoço, frango com pele, miúdos do frango) e frituras;
  • Enlatados e conservas;
  • Embutidos: linguiça, mortadela, salame, calabresa....;
  • Carnes salgadas e/ou defumadas: carne-seca, bacalhau, toucinho, bacon....;
  • Temperos prontos, sopas desidratadas, macarrão instantâneo;
  • Molhos industrializados: maionese, catchup, mostarda e outros condimentos com adição de sal, como molho shoyo, molho inglês, molhos prontos para salada;
  • Adoçantes a base de sacarina sódica e ciclamato de sódio.
Use com moderação:
  • Bebidas à base de cafeína.
Não se esqueçam, as informações aqui contidas não substituem uma consulta nutricional!!!!!!!

Referência bibliográfica
 
COSTA, R.P; SILVA, C.C. Doenças Cardiovasculares. In: CUPPARI, L. Guia de Nutrição: nutrição clínica no adulto. 2.ed. Baruer, SP: Manole, 2005. p.299-304.
 
ESCOTT-STUMP,S. Nutrição Relacionada ao Diagnóstico e Tratamento. 5º ed. Barueri, SP: Manole, 2007. p.249-251.
 
LEÃO, L.S.C.S; GOMES, M.C.R. Manual de Nutrição Clínica para Atendimento Ambulatorial do Adulto. 10.ed. Petrópolis, RJ: Vozes, 2010. p.141-42.
 
Sociedade Brasileira de Cardiologia / Sociedade Brasileira de Hipertensão / Sociedade Brasileira de Nefrologia. VI Diretrizes Brasileiras de Hipertensão. Arq Bras Cardiol 2010; 95(1 supl.1): 1-51.
 
 
 


     

Saiba a quantidade de açúcar embutida em alguns alimentos

Você sabia que o açúcar refinado não tem nenhum nutriente? E que o consumo elevado deste tipo de alimento, além de contribuir para o aumento de peso traz outros prejuízos a nossa saúde, como cáries, doenças cardiovasculares, diabetes, dentre outras?
 
 
Pensando nisto listei alguns alimentos aparentemente inofensivos quando falamos de excesso de açúcar, para que você possa comparar e melhorar as suas escolhas alimentares.

 
Note que alguns alimentos que estão listados acima são recomendados para que se tenha uma alimentação saudável (iogurte, cereal matinal, barra de cereal), porém quando queremos reduzir a quantidade de açúcar ingerida no dia devemos optar por exemplo, pela barra de cereal sem chocolate, pelo iogurte de frutas desnatado e pelo cereal matinal sem açúcar.
 
Outra informação importante é o quanto podemos consumir de açúcar por dia para que não seja considerado excesso.
 
De acordo com a Organização Mundial de Saúde o consumo diário de açúcar não deve ultrapassar 10% do valor calórico total consumido, ou seja, uma pessoa que consome 2000 Kcal ao dia deve consumir no máximo 200 Kcal provenientes do açúcar.

Bom, considerando que uma colher de chá cheia tem 20 Kcal esta pessoa poderia consumir até 10 colheres de chá de açúcar ao dia. Utilizando os alimentos relacionados acima, se ela comer 1 fatia pequena de bolo industrializado ela já estará ingerindo 7 colheres de chá de açúcar, e se consumir o bolo junto com o suco industrializado ela ultrapassará a quantidade máxima de consumo diário.

Para diminuir este consumo de açúcar sugiro a substituição dos industrializados pelos naturais, ou por aqueles com um teor menor de açúcar, diminuindo assim o risco do desenvolvimento dessas doenças e melhorando nosso hábito alimentar.


Obs:. As informações nutricionais foram retiradas do rótulo dos alimentos e representam algumas marcas, portanto pode haver variação na quantidade de açúcar demonstrado de acordo com a marca do produto.
 
 


Alimentação vegetariana, benefícios e cuidados.


O número de pessoas que estão se tornando vegetarianas vem aumentando no Brasil. De acordo com pesquisa realizada pelo IBOPE (Instituto Brasileiro de Opinião Pública e Estatística) entre 08/2009 e 07/2010, 9% da população brasileira se declarou vegetariana.
Mas o que é uma dieta vegetariana? Quais os benefícios e os cuidados que devemos ter se desejarmos nos tornar vegetarianos?
Dieta vegetariana é aquela que tem como base: cereais, frutas, vegetais, legumes, sementes e oleaginosas. Dentro da dieta vegetariana existem subgrupos que se diferem de acordo com o que consomem, são eles:

·     Ovolactovegetarianos: incluem na sua alimentação ovos, leites e derivados.

·     Lactovegetarianos: incluem na sua alimentação apenas leite e derivados.

·     Ovovegetarianos: incluem na sua alimentação os ovos.

·     Vegetariano estrito: excluem todos os alimentos de origem animal.

·     Vegano: é o vegetariano estrito, que além da alimentação recusa o uso de produtos que utilize componentes animais (vestimentas de couro, lã, e seda), ou seja, testados em animais. 
O maior consumo de alimentos vegetais (hortaliças, legumes e frutas), de gorduras boas (poliinsaturadas), de fibras, e o menor consumo de gorduras saturadas, faz com que esta população apresente níveis mais elevados de diversos antioxidantes, e menor nível de colesterol sérico (sendo menor nos vegetarianos estritos em comparação aos outros subgrupos), o que pode explicar em parte o menor risco de doenças cardiovasculares nesta população.
 

Além da parte alimentar, estudos revelam que os vegetarianos apresentam uma maior preocupação com a saúde (fumam menos e apresentam menor Índice de Massa Corporal), estes dois fatores (alimentação e melhor qualidade de vida) refletem na menor prevalência de hipertensão arterial sistêmica, de alguns tipos de câncer, e de diabetes tipo II também verificados nesta população.

Não tenho como negar que este tipo de alimentação traz inúmeros benefícios, porém se a dieta não for bem planejada problemas também podem ocorrer.
Por exemplo, em dietas vegetarianas estritas há deficiência de vitamina B12, e esta vitamina é importante para a função neurológica. Outro nutriente que deve ser verificado é o ω3 que atua, quando convertido em DHA (ácido docosahexanóico) e EPA (ácido eicosapentanóico) na prevenção de doenças crônicas.
O zinco e o cálcio também merecem atenção. O zinco é encontrado principalmente nas carnes e é um componente essencial para atividade enzimática (componente essencial para a atividade de mais de 300 enzimas), estrutural (regulação da expressão gênica, dentre outros), e reguladora (síntese proteica, divisão celular, ação da insulina e hormônios da tireoide, testículos, dentre outros).
O zinco pode ser encontrado também em algumas oleaginonas, grãos integrais, cereais, e feijões, porém devido ao ácido fítico presente nestes alimentos a sua biodisponibilidade (quantidade que o organismo consegue utilizar do nutriente) é reduzida.
O cálcio tem como principal fonte os leites e derivados, mas também pode ser encontrado em vegetais, oleaginosas, e feijões. Este nutriente tem a sua biodisponibilidade reduzida na presença de ácido oxálico, portanto, alimentos ricos nesta substância devem ser evitados (espinafre, acelga, folhas de beterraba, e cacau) em refeições ricas em cálcio.
Então, se você é ou deseja se tornar um vegetariano procure um especialista, pois só ele é capaz de fazer as combinações e adequações necessárias para que não ocorra nenhuma deficiência nutricional.

Referências bibliográficas:
DAVEY, G.K et al. EPIC–Oxford: lifestyle characteristics and nutrient intakes in a cohort of 33 883 meat-eaters and 31 546 non meat-eaters in the UK. Public Health Nutrition. v.6, n.3, p. 259–268

JOHNSTON, P.K; SABATÉ, J. Implicações nutricionais das dietas vegetarianas. In: SHILS, M.E et al. Nutrição Moderna na Saúde e na Doença. 10º edição. Barueri: São Paulo, 2009. p. 1759-76.
YUYAMA, L.K.O et al. Zinco. In: COZZOLINO, S.M.F. Biodisponibilidade de Nutrientes. 2º edição. Barueri, SP: Manole, 2007. p.554-55
SILVA, A.G.H; COZZOLINO, S.M.F. Cálcio. In: COZZOLINO, S.M.F. Biodisponibilidade de Nutrientes. 2º edição. Barueri, SP: Manole, 2007. p.461-62
SVB. Sociedade Brasileira Vegetariana. Guia Alimentar de Dietas Vegetarianas para Adultos. Departamento de Medicina e Nutrição. Sociedade Vegetariana Brasileira. São Paulo, 2012.